Quase 7 andares de altura, 84 metros de comprimento e 88 de envergadura, e 1300 metros cúbicos destinados a transportar até 250 toneladas de carga são algumas das características que conferem o título de maior jato comercial do mundo ao Antonov AN-225 Mriya. Operando atualmente como avião cargueiro, sua construção teve como objetivo outro segmento. Confira.
Do nascimento até o primeiro abandono
Pressionados pelo fato de a União Soviética estar ficando para trás na corrida espacial, em meados dos anos 1980 apresentou-se a necessidade de criação de um avião que fosse capaz de transportar o ônibus espacial soviético até sua plataforma de lançamento, que ficava bem distante da fábrica. A construção do jato foi feita sob fortes exigências de prazo e custo, tendo que ser projetado e construído em um período de cerca de três anos e meio, tarefa que parecia impossível de ser cumprida.
Em dezembro de 1988, desacreditado por muitos, o colossal avião fez seu voo inaugural e, logo após alguns meses de sua primeira decolagem, conseguiu quebrar mais de uma centena de recordes mundiais de altitude, autonomia e capacidade de carga.
Em 1989, o AN-225 cumpriu a missão para a qual foi construído e transportou o ônibus espacial Buran, que pesava quase 90 toneladas, fixado em sua fuselagem até a base de lançamento soviética.
Apesar de ser um orgulho para a nação, após o fim do programa espacial soviético o AN-225 foi encostado e parou sua operação, ficando largado em um pátio e até tendo algumas de suas peças doadas a aviões menores.
Vale ressaltar que uma segunda unidade do AN-225 começou a ser construída, porém teve sua criação interrompida após o fim do programa espacial, quando o jato estava ainda com cerca de 60% de sua conclusão.
O renascimento e um novo objetivo
Após quase 8 anos parado e correndo risco de deterioração, o jato começou a ser reformado, passando por diversas transformações e atualizações em suas peças, e em setembro de 2001 fez seu “segundo primeiro voo”, mas agora como avião cargueiro.
Logo em seu primeiro voo como cargueiro, bateu mais um recorde ao transportar 4 tanques de guerra, somando cerca de 253 toneladas, a maior carga já transportada por meio aéreo da história.
Com grande capacidade de carga, o AN-225 se mostra muito efetivo no transporte de grandes mercadorias que necessitam de uma certa urgência para serem entregues, ou quando não se mostra viável o tempo de espera da carga por transporte marítimo.
Apesar de ser um avião antigo, o Antonov passa por constantes atualizações em seus sistemas a fim de conferir mais segurança e praticidade à tripulação, além de permitir que ele ainda continue voando atualmente. Aliás, o gigante já teve uma passagem pelo Brasil.
O fato ocorreu em 2016, em sua segunda visita por aqui, quando realizou o transporte de um gigantesco gerador até o Chile. A passagem do AN-225 pelos aeroportos de Guarulhos e Viracopos mobilizou uma legião de entusiastas que queriam ver de perto a chegada do jato. Afinal, não é todo dia que o maior avião do mundo pousa em território nacional.
Curiosidades sobre o AN-225 Mriya
Que é um avião único todos já sabem, mas é interessante conhecer algumas características diferenciadas do jato.
Um avião com "corcovas"
Ao reparar bem na foto abaixo, nota-se que o AN-225 tem um relevo na parte de cima de sua fuselagem, uma espécie de corcova.
Essa saliência destacada na imagem acima nada mais é do que uma capa que recobre um suporte que auxilia na hora de realizar o transporte de cargas que vão fixadas na parte externa do avião.
Empenagem diferenciada
Ao prestar atenção nas imagens abaixo, percebe-se que a empenagem (parte traseira, ou a cauda do avião) do AN-225 é um pouco diferente da convencional, utilizada na maioria dos aviões.
Isso acontece pois, devido ao fato de o AN-225 ter a capacidade de transportar cargas em seu exterior, o item transportado não deve influenciar no bom desempenho do avião , principalmente em relação à empenagem dele. Caso a cauda do AN-225 fosse como as convencionais, essa poderia comprometer o funcionamento do avião, pois o fluxo de ar que deveria chegar às partes móveis traseiras do jato, como o leme, poderia ser desviado pelas cargas que fossem transportadas na parte superior do jato.
Por que tantas rodas ?
Aviões convencionais como o Boeing 737 mostrado anteriormente costumam ter cerca de 6 rodas em seu trem de pouso. Com um trem de pouso de dar inveja, o AN-225 precisou de 32 rodas para poder operar nos mais variados aeroportos possíveis.
Isso acontece por um motivo simples: o elevado peso do avião. Para não ter o risco de danificar a pista na qual o avião possa vir a pousar, as 32 rodas são necessárias para realizar a boa distribuição de peso dele na hora de pousos e decolagens.
Asas curvadas para baixo
Uma das características que gera um ar de imponência neste gigante, além de seus 6 motores, é a curvatura de sua asa. Repare na imagem abaixo como as asas do jato são curvadas.
Muito comum em aviões cargueiros, além do fato de possuírem a asa fixada na parte superior do avião (característica conhecida como asa alta), é a curvatura da asa voltada para baixo. Essa curvatura tem o nome de Anedro e, basicamente, tem a função de compensar a alta estabilidade causada pela “asa alta”, fazendo com que o avião perca um pouco desta estabilidade e isso facilite os movimentos necessários em um voo, como curvas.
Nesse texto contamos um pouco da história e algumas das muitas características do Antonov AN-225 Mriya. Caso queira ver mais histórias de engenharia ou conhecer mais sobre nosso trabalho, explore mais nosso site e tire suas dúvidas.
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